segunda-feira, 21 de janeiro de 2013



Conto 1 - "Vou contar uma peculiar história..."


...que poucos conhecem

e poucos têm coragem para contar.

Trata-se de como Nihalak, à beira da corrupção pelo Flagelo, procurou forças em uma amizade antiga para se libertar.

Àqueles que interessar, escutem com cuidado...






Nihalak, orc veterano de batalha, caiu em tempos passados durante uma investida do Flagelo.

Em vida, um guerreiro sem medo e sem grilhões para lhe aprisionar, era capitão do exército em um posto avançado de Nortúndria.

Seu posto vivia batalhas diárias... baixas diárias... Nihalak observava o corpo de seus companheiros e os contava a cada manhã...

"Dez caíram ontem... mais doze anteontem... o total é de 44 esta semana"

Como um orc forjado em meio à guerra contra a Aliança, o Flagelo era um inimigo quase desconhecido a princípio.

Mas como todo orc que se preze, ele logo aprendeu a dizimá-los.

As investidas do Flagelo eram cada vez menos efetivas... mas os reforços de Nihalak também minguavam...

Nihalak jurava lealdade à Horda em suas preces matinais... mas principalmente, jurava lealdade a Thrall, seu amigo de longa data.

No entanto, os reforços diminuiam... cada vez mais... e mais...

Ele se perguntava cada dia mais inquieto : "Thrall, velho amigo, esquecestes de mim? Desejas meu fim nessas estepes gélidas... tão longe das casas que cada um aqui construiu com próprio suor?"

Muito tempo depois Nihalak ficou sabendo que Thrall estava a preparar toda a Ofensiva do Brado Guerreiro para um ataque em massa... e aquele fiel orc era o único que poderia segurar aquela localização até que as tropas chegassem...

Mas os dias passavam... os reforços não chegavam... Nihalak se enfurecia...

"ONDE ESTÃO NOSSAS TROPAS? ONDE ESTÁ O PONTO DISSO? CONTAR CORPOS DE MEUS IRMÃOS? ESSE É O PONTO? NESSE FIM DE MUNDO GÉLIDO ESQUECIDO POR MINHA HORDA?!"


A raiva no peito de Nihalak era bombeada para seu corpo como o sangue era bombeado para seu braço, que em fúria ceifava as tropas intermináveis de inimigos...

O Lich Rei o estava vencendo... lentamente sua coragem e sua esperança eram drenadas... sugadas pelas vastas planícies gélidas...
quantas vezes ele pensara ter visto entre a bruma velas vermelhas de alguma embarcação da horda... não chegavam... sua mente cansada o pregava peças...

e logo Nihalak era apenas mais um corpo a lutar... sem esperança, sem companheiros, sem nada...
Seu corpo caído era apenas mais um na calma gélida de uma terra distante.

o Lick Rei vencera...


Mas sua vitória não estava completa...

não...

não até que Nihalak se levantasse sobre seu comando... não antes que Nihalak se erguesse para comandar todo seu destacamento de companheiros caídos...

Agora obedientes a outra bandeira...

Agora obedientes a outro soberano...

Aquele que lutara... aquele que o fizera abandonar toda esperança e força... era seu algoz e capataz...

A Investida brado guerreiro aportava suas naus na baía...
E entre pensamentos turvos, Nihalak se erguia agora para lutar com seu destacamento caído... repelir aqueles que chegaram tarde demais  para salvá-los...

Olhem irmãos... olhem quão longe de nós eles sempre estiveram MENTIROSOS! MATEM ELES IRMÃOS CAÍDOS, VEJAM COM SEUS OLHOS PUTREFEITOS AQUELES QUE PROMETERAM NOS AJUDAR! AQUELES QUE DEFENDEMOS COM NOSSAS VIDAS E NOSSA ALMA! AQUELES QUE NUNCA CHEGARAM PARA NOS TIRAR DAQUI!"

Nihalak e suas tropas caídas foram o inicial e principal problema que A Investida Brado Guerreiro encontrou em nortúndria....

Quando suas tropas foram novamente dizimadas... novamente pela horda, Nihalak jurou vingança....

"Vocês vão pagar... TODOS VOCÊS... MEU SANGUE JORROU POR VOCÊS, MEUS IRMÃOS CAÍRAM POR VOCÊS... SEUS IRMÃOS"


O recém erguido cavaleiro da morte bateu um pouco da neve em sua armadura e ergueu a espada em direção  àqueles que , no lugar de braços quentes, encontrariam corações gélidos à espera...

"A VITÓRIA VIRÁ A MIM E MEU NOVO MESTRE... PODEM ATACAR... DENOVO, E DENOVO... NÃO MAIS CAIREI. A morte não mais me causa angústia...

Nihalak olhou diretamente nos  olhos de seu primo, que, durante a batalha o trespassara com a espada. "a morte não mais nos fará diferentes...

Caído, pela segunda vez... Sua alma foi levada à presença do Lich Rei.
A voz gélida do Lich era como um banho de navalhas aquecidas...


"Nihalak... fiel guerreiro... seus irmãos caíram, seu rei  o abandonou... Eu te dei nova chance, eu te dei nova vida e novo propósito"

"a ofensiva avança a passos lentos... será dizimada sem trabalho... seus dotes  são necessários em outros ermos Cavaleiro da Morte"

"seus... dotes... me farão melhor uso no Ermo das Serpes"

Suas ordens eram simples... Nihalak tinha de montar acampamento em uma grande lagoa ao sul do Ermo, local onde muitos iam atrás de alguma água livre da corrupção do Lich

Lá O Cavaleiro da Morte acampou... dias... semanas... meses... Camuflado pelo gelo como apenas aqueles que não mais respiram o podem fazer... 
esperava cautelosamente cada comboio se aproximar.
Em pouco tempo as bordas do lago se tingiram de vermelho...

E até então, Nihalak fizera muito feliz seu novo rei...

Chegou então o dia em que um velho conhecido acompanhava um desses comboios...

Ele esperava já a algumas horas debaixo de dois palmos de neve... sentia o caminhar do comboio se aproximando...

100 metros... 50 metros... 10 metros... passaram... ora de vê-los sangrar...

Ele se levantou como a morte se levanta... rápida... sem aviso... sem perdão àquelas  almas desprevenidas.

Os corpos caiam e jorravam, degolados ou extirpados... todos caem, ele ria...até que sua espada encontrou uma que não cedeu...um escudo que não trincou... uma alma que não estremeceu...

Panzer... ele sussurrou entre dentes, raiva e sangue a muito congelados...

"Nihalak!!!" Os olhos de Panzerschutz estremeceram por alguns instantes....

Panzer conhecia aquele orc agora tão pálido... aquela sombra do que fora um guerreiro sem comparação....

Esse foi o erro de Panzer...

O caído orc, agora tão sem rumo e amor pela Horda, que sempre fora sua casa, ainda mantinha todas as habilidades que fizeram muitos guerreiros experientes tremerem...

O tilintar das espadas era ouvido de longe. O escudo de Panzer produzia estrondo que acordaria o mais adormecido dos dragões.

A espada de Nihalak procurava vingança... teria vingança... ela ERA a vingança...

O cavaleiro caído calculava o terreno usando os corpos e membros como subterfúgios para seus ataques.

E enquanto Panzer tentava não profanar os corpos caídos, Nihalak os usava com gosto.

Foi aí o erro final... o erro que permitiu a ponta de sua espada esquivar o escudo e acertar o pescoço de Panzer...

O Orc caíu...

A mão na jugular que jorrava sangue. Os olhos observavam Nihalak... não havia medo ou tristeza nos olhos daquele orc que caía... não havia remorso... apenas pena... uma pena profunda e afiada.

Muito mais afiada que a lâmina que o fazia sangrar até a morte naquele instante.

Nihalak observou tudo.

A dura queda daquele corpo no chão... o suspiro final dado por um velho amigo...

Nihalak tentou se virar... tentou ir... havia mais a se matar...
não podia... os olhos abertos de Panzer ainda estavam fixos nele... vazios... sem o culpar...

E ele ali ficou... observando aqueles olhos vazios que não o haviam julgado enquanto morriam...

Aqueles olhos que entendiam... que sabiam...

O grito de Nihalak foi ouvido em toda Nortúndria...

O desgosto foi ouvido apenas por ele mesmo...

Cravou a espada ao lado de Panzer e se ajoelhou... Não houve lágrimas... não houve qualquer demonstração de tristeza. Nihalak apenas tomou Panzer nos braços e disse "tome... não tenho mais uso para isto"

O corpo de Panzer atingiu a neve pesadamente enquanto Nihalak se consumia em fogo gélido e urros.

Os gritos eram altos como se facas em brasa dedilhassem suas entranhas. 

Uma essência azulada fugia por seus olhos e eram atraídas pelo corpo ainda morno de Panzer.

A armadura negra do Cavaleiro da Caído atingiu o solo no mesmo instante em que o guerreiro acordou...

Panzer, ao tatear o ferimento mortal agora cicatrizado, entendeu o que acontecera.Foi ai então que partiu em uma de suas maiores  jornadas... Aquela para reclamar a alma de seu amigo. 

Mas essa... essa é outra história...



2 comentários:

  1. até aqui, simplesmente fantástico, da pra imaginar as cenas!!!
    indo pra segunda parte e esperando outras mais!

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  2. Imaginando o desfecho dessas historias, a galera se encontrando. show!

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